Cortes
Fernando Cabral Martins (UNL) e Raimundo Henriques (FLUL)
29 Mar. 2023 | FLUL | 18:00
Fernando Cabral Martins
O corte é entendido como fragmentação: trata-se do momento anterior à montagem. A montagem, por sua vez, é um procedimento essencial da arte de vanguarda, sendo que a invenção do cinema é sua contemporânea. Procuram-se exemplos de montagem na actividade poética, com os casos de Fernando Pessoa, Herberto Helder e Mário Cesariny, bem como na produção cinematográfica, com os de Jean Cocteau e David Cronenberg.
Raimundo Henriques
A noção de corte pressupõe a interrupção de uma continuidade. Pode por isso parecer que todos os cortes (literais ou metafóricos) são espúrios. Mas esta conclusão seria apressada: alguns cortes (sobretudo em sentido metafórico) parecem estar justificados. Torna-se, por isso, necessário compreender o que distingue cortes espúrios de cortes legítimos. Nesta comunicação, procuro argumentar que os cortes disciplinares no interior das humanidades são frequentemente espúrios, defendendo a continuidade entre os estudos literários e a filosofia. Para esse efeito, proponho algumas reflexões acerca da vida e obra de Wittgenstein, do Problema da Demarcação, e da distinção proposta por Rorty entre projectos de cooperação social e projectos de desenvolvimento pessoal.