Invisibilidade
Lúcia Evangelista (CLEPUL, FLUL) e Luís Umbelino (IEF/CECH, FLUC)
24 Abr. 2024 | FLUL | 18:00
Lúcia Evangelista
Título: "Vultos, sombras e lampejos."
Resumo: “ver o quê?// com esses olhos?”: a pergunta presente nos versos que encerram o mais recente livro de poemas de Alberto Pimenta, They’ll never be the same (2023), é aquela que parece ser hoje a mais urgente. No interior dessa pergunta — “ver o quê?// com esses olhos?” — a invisibilidade pode vir talvez a ser perspectivada sob uma via contra hegemónica que acessa o que é insuportável para a racionalidade Ocidental, assim como para seu regime de superexposição. Na companhia, pois, de Alberto Pimenta — mas também com paisagens, textos e imagens de outros autores — procurarei articular a invisibilidade enquanto via imaginativa que funciona como alternativa tanto ao colapso da razão esclarecida quanto à obscuridade do vale-tudo espetacular.
Lúcia Evangelista tem dedicado sua atenção à poesia portuguesa, à poesia brasileira e às poéticas modernas e contemporâneas, assim como os entrecruzamentos entre estética, política e artes. É doutorada em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto com a tese Alberto Pimenta: poesia, performance, profanação. É mestre em Estudos Literários Culturais e Interartes pela mesma instituição com a tese Vida em comum: a poética de Adília Lopes. É atualmente bolseira de pós-doutoramento do projeto “Contextos Críticos do Modernismo e do Surrealismo em Portugal” do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Universidade de Lisboa.
Luís Umbelino
Resumo: "De quem é o olhar /Que espreita por meus olhos?" Nestes famosos versos de Pessoa escreve-se uma possibilidade de resolver – ou de assumir – a ambiguidade do que Merleau-Ponty apelidou de “não-filosofia”. Com um tal conceito Merleau-Ponty meditou atentamente a ligação entre a aptidão da linguagem literária para dizer o que a antecede e o diagnóstico histórico sobre a capacidade da própria filosofia para dar conta do que lhe escapa, para dizer uma camada originária de presença silenciosa sobre a qual as categorias da metafísica clássica pouco ou nada dizem. Nesta apresentação voltaremos a meditar essa ligação ainda por fazer.
Luís Umbelino é Professor Auxiliar com Agregação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Professor Convidado na Universidade de Salamanca. Professor Honoris Causa do International Institute for Hermeneutics. Co-coordenador do “International Collaborative Research Project ‘Hermeneutics of Architecture: Dwelling in the Horizon of Finitude’” (https://www.iih-hermeneutics.org/architecture). Investigador da Unidade I&D - Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos (FLUC – Portugal), da unidade I&D IEF (FLUC – Portugal) e do projeto de investigação “Fenomenología del cuerpo y análisis del gozo I” (Espanha). Diretor da Revista Filosófica de Coimbra. É autor ou co-autor, entre outros, dos seguintes livros: Somatologia Subjetiva. Apercepção de Si e Corpo em Maine de Biran (Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2010); Hermeneutic Rationality (LIT Verlag, 2012); Memorabilia. O Lado Espacial da Memória (Santa Cruz: Editus, 2020); Corps emú. Essais de philosophie biranienne (Coimbra: IUC, 2021).